Emissões de CO2 relacionadas à geração de energia batem recorde em 2023, apesar do avanço das energias limpas
As secas severas impactaram negativamente a produção hidrelétrica em várias regiões, levando os países a recorrerem a formas mais poluentes de geração de energia.
No ano de 2023, o mundo enfrentou um paradoxo ambiental significativo. Apesar dos avanços em tecnologias de energia limpa, as emissões globais de dióxido de carbono (CO2) provenientes do uso de energia e indústria alcançaram níveis recordes. Este aumento, estimado em 1,1% em comparação com o ano anterior, marca um contínuo desafio na luta contra as mudanças climáticas, ressaltando a complexidade do caminho para uma economia de baixo carbono.
Uma análise mais detalhada revela um cenário misto em diferentes regiões do globo. Por um lado, os Estados Unidos, segundo maior emissor de CO2 do planeta após a China, registraram uma queda de 3% em suas emissões em 2023, principalmente devido à diminuição do uso de carvão, impulsionada tanto por fatores econômicos quanto ambientais.
No entanto, essas reduções não foram suficientes para compensar o aumento global, particularmente em países emergentes onde o consumo de carvão aumentou devido a preços elevados de gás e preocupações com a segurança energética.
Além disso, as secas severas e prolongadas impactaram negativamente a produção hidrelétrica em várias regiões, levando países como China, Canadá e México a recorrerem a formas mais poluentes de geração de eletricidade, como o uso de combustível fóssil e carvão.
Avanços e desafios nas energias renováveis
Apesar desses desafios, é importante notar o papel significativo das energias renováveis na mitigação do crescimento das emissões de CO2. A Agência Internacional de Energia (AIE) destacou a contribuição essencial da energia limpa. Sem as tecnologias chave como energia solar, eólica, nuclear, bombas de calor e veículos elétricos, o aumento das emissões teria sido três vezes maior.
A China, por exemplo, viu um grande aumento na capacidade solar em sua matriz energética, com a adição de capacidade solar triplicando de 2019 a 2022.
Em economias maduras, como a União Europeia e os Estados Unidos, a eletrificação do transporte rodoviário tem sido um importante motor para a diminuição das emissões, com as vendas globais de veículos elétricos (VEs) representando 14% dos novos veículos vendidos em 2022, um aumento significativo em relação aos 2,6% em 2019.
Emissões de CO2 devem começar a declinar só a partir de 2025
Olhando para o futuro, projeta-se que as emissões de CO2 comecem a declinar a partir de 2025, graças aos esforços globais para controlar as emissões. No entanto, ainda existe uma lacuna significativa de decarbonização que precisa ser preenchida para alcançar a meta de 1,5°C estabelecida no Acordo de Paris.
O Global Carbon Project aponta que as atuais emissões de CO2 colocam o mundo em uma trajetória para exceder 1,5 graus Celsius de aquecimento antes de 2030.
Enfrentar este desafio exigirá esforços redobrados em setores como indústria, energia e construção, bem como uma aceleração significativa na transição para tecnologias de baixo carbono. Os compromissos de zero líquido assumidos por várias nações cobrem cerca de 80% das emissões globais de CO2, mas é crucial que esses compromissos se traduzam em ações concretas e efetivas.
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