Hortas comunitárias: um ciclo perfeito de segurança alimentar e preservação ambiental

As hortas comunitárias urbanas representam uma redução na cadeia de distribuição, com a diminuição do desperdício com transporte

A preocupação com o que se come nunca foi tão grande como em tempos pós-Covid. O mundo inteiro parece ter despertado para a importância de cuidar da saúde e da alimentação. No Brasil, em paralelo a isso, a fome assombra muitas famílias, e a alta de preços em várias frutas e verduras assustou quem vive com o dinheiro contado para a feira do mês.

Por isso, tem muita gente optando pelas hortas comunitárias, que aparecem como uma solução de consumir frutas, verduras e hortaliças de origem conhecida. A prática é um ciclo perfeito de segurança alimentar, preservação ambiental e geração de renda.

Horta comunitária

Como o nome já sugere, hortas comunitárias são mantidas e utilizadas pela comunidade, em um espaço comum de todos. Em resumo, ela acontece quando um grupo de moradores de uma mesma comunidade decide utilizar o terreno de uma área comum para cultivar naquele espaço. Cada um terá suas responsabilidades no cuidado da horta, e o resultado do trabalho será compartilhado por todos.

Hortas urbanas

Quando uma área de plantio de frutas e hortaliças é criada em centros urbanos, é também chamada de horta urbana. Ela pode ser comunitária, quando é plantada em um espaço de uso e acesso coletivo, ou doméstica, quando é cultivada dentro de casas e apartamentos.

De acordo com o instituto de pesquisas ambientais Worldwatch Institute (WWI), as hortas urbanas são responsáveis pela produção de uma média de 15% a 20% dos alimentos consumidos no mundo.

As hortas comunitárias representam uma excelente solução para ocupar terrenos urbanos abandonados, que acumulam lixo e muitas vezes são foco para o mosquito da dengue. Mas a falta de espaço não é motivo para não criar uma, que pode ser feita verticalmente com o uso de garrafas pet, vasos, canos, latas e outros materiais. A criação das hortas deve fazer parte de um projeto urbano e não ser feita de forma improvisada, já que é preciso uma série de medidas para a criação e manutenção do espaço.

A agricultura urbana tem papel fundamental na distribuição dos alimentos nas cidades, na diminuição do uso e consumo de agrotóxicos e na contribuição para a preservação do meio ambiente.

Sustentabilidade

É fundamental que os centros urbanos incluam soluções mais sustentáveis no cotidiano, uma vez que, de acordo com a ONU (Organização das Nações Unidas), 50% da população mundial vive nas cidades. A previsão é que em 2050 será atingida a marca de 70%. 

A agricultura representa uma das mudanças de hábitos importantes que precisam ser feitas e que não ocupam muito espaço, já que as hortas podem ser plantadas em telhados de prédios, em terrenos sem uso ou em condomínios horizontais. Os benefícios são muitos: para o planeta, significa mais espaço verde; e, para a comunidade, representa, além de uma alimentação mais saudável, uma possível fonte de renda e até a realização de um programa social, que dê apoio a pessoas com fome.

Segurança alimentar

O motivo que estimula a criação de hortas comunitárias é a segurança alimentar, que é possível através do conhecimento de todo o processo de produção de tais alimentos. Além disso, são produções orgânicas, com alimentos de melhor qualidade, mais saborosos e ricos em nutrientes. A comunidade ainda pode gerar renda com os excedentes da produção.

Menos desperdício

As hortas comunitárias contribuem para mudar a visão que o indivíduo tem do alimento, muitas vezes tido como algo descartável. Ao ver todo o processo de crescimento de um vegetal, fica fácil entender que em algumas épocas está abundante, enquanto em outras épocas não está.

Outra questão que as hortas comunitárias contribuem é a redução na cadeia de distribuição, diminuindo o desperdício com transporte. Atualmente, nesta etapa, são descartados cerca de 30% dos alimentos. Além disso, o processo é menos poluente, já que não existe a emissão de gás carbônico, proveniente do transporte.

Ficou com vontade de montar uma horta comunitária? Fique de olho nas dicas:

1. Não se pode ocupar uma área comum sem estarem todos em comum acordo. Por isso, o primeiro passo é pedir autorização à comunidade, aos proprietários do terreno. Se o espaço for público, é necessário entrar em contato com a prefeitura da cidade para solicitar permissão para a criação da horta.
2. Tudo certo com as permissões? O segundo passo é verificar se o local recebe sol pelo menos em algum momento do dia. Além de fácil acesso à água, que deve ser livre de impurezas.
3. É importante pensar em ações para fertilizar o solo antes de começar a plantar as hortaliças. Uma ótima solução de fertilização é a compostagem, que utiliza restos de alimentos. É bom evitar adubos solúveis, que podem ser prejudiciais em longo prazo, além de conter substâncias cancerígenas.
4. Fazer a limpeza do local, inclusive as vegetações existentes, para iniciar os trabalhos.
5. Escolha dos vegetais para o plantio. Aposte em vários tipos de vegetais e intercale espécies que são repelentes naturais de insetos com outras que são mais suscetíveis a ataques.
6. Definir a disposição de vasos e suportes da horta. Algumas hortaliças precisam primeiramente passar pelo processo de germinação em sementeiras, antes de irem para o canteiro, enquanto outros vegetais podem ser plantados diretamente no canteiro.

As possibilidades para viver em harmonia com o planeta estão cada vez mais disponíveis para a população. A alimentação orgânica está mais acessível, assim como as placas de energia solar, que são um excelente investimento para garantir o uso de uma energia limpa e renovável. A informação é importante, mas colocar a mão na massa é fundamental neste momento crucial que vivemos, onde é preciso agir imediatamente.