A transição da hotelaria rumo ao carbono zero já começou
Adoção de práticas sustentáveis é essencial para atingir a meta de carbono zero até 2050
Quando o homem pisou na lua, o astronauta Neil Armstrong eternizou a frase: “um pequeno passo para o homem, mas um gigantesco salto para a humanidade”. A corrida espacial, que dominou o imaginário no século passado, agora se tornou planetária. A crise climática é o desafio primordial da humanidade. A vida na Terra depende de ações como o carbono zero.
A 27ª edição da Conferência das Nações Unidas pelo Clima (COP 27), que aconteceu em novembro de 2022, no Egito, sinalizou o avanço rumo ao desastre climático. O Brasil ressurgiu com a promessa de protagonismo na agenda ambiental. Reafirmou o compromisso de conter o desmatamento e reduzir a emissão de gases de efeito estufa.
A adesão de todos os setores é essencial para atingir a meta de limitar o aquecimento global a 1,5ºC até 2050. Com funcionamento 365 dias por ano, 24 horas por dia, muitos empreendimentos hoteleiros já começaram a trilhar o caminho da descarbonização da economia e redução da pegada de carbono.
Neste artigo, você vai compreender melhor o que é a descarbonização, como o setor hoteleiro pode contribuir para a redução de emissão de gases e as principais iniciativas adotadas até agora.
O que é pegada de carbono?
O termo representa a soma de gases de efeito estufa (GEE), sendo o dióxido de carbono (CO2) o principal, produzidos por ações humanas. Cada pessoa, empresa ou instituição tem sua própria pegada de carbono. Ela é única, como as impressões digitais, e a diferença é que provoca impactos coletivos.
É consenso entre os cientistas que, para comportar o estilo de vida da sociedade, são necessários quase dois planetas Terra. A pegada ecológica é uma extensão da pegada de carbono. Equaciona o consumo e a exploração, com a capacidade do planeta de se regenerar.
Na prática, toda vez que fabricamos produtos ou usamos transportes que precisam de energia fóssil, queimamos CO2. A pegada de carbono cresceu 11 vezes desde 1961, e é responsável por 60% da pegada ecológica. Reduzir o impacto humano é um dos principais desafios do século, um problema que engloba ecologia, economia e revisão de valores.
Hotelaria carbono zero
O setor hoteleiro é heterogêneo, com uma vastidão de formatos e tamanhos, além de uma variedade de fornecedores. O caminho para a transição da economia rumo ao carbono zero é complexo, mas já tem movimentos transformadores. O Conselho Mundial de Viagens e Turismo – WTTC, na sigla em inglês – lançou as diretrizes para a sustentabilidade hoteleira.
Os fundamentos são compostos por 12 requisitos básicos, que podem ser aplicados em todo segmento, independentemente do modelo de hospitalidade. As iniciativas compreendem mensurar e diminuir o consumo de água, diminuir o gasto energético, minimizar resíduos e mitigar a emissão de carbono.
A ideia é que cada empreendimento possa aplicar os princípios e iniciar a jornada de algum ponto. “Garantir que nenhum hotel, por menor que seja, seja deixado para trás. No esforço de introduzir medidas básicas de sustentabilidade, dentro de um nível mínimo, nos próximos três anos”, afirma Julia Simpson, CEO do WTTC.
Conta complexa
Conforme a Organização Mundial do Turismo (OMT), o segmento é responsável por 8% da emissão mundial de carbono. O cálculo abrange toda a cadeia, desde o transporte até a pegada de carbono deixada pelo viajante no lugar de destino. A geração de lixo, uso de material plástico e consumo de energia fazem parte dessa matemática.
Aproximadamente, 35% dos gastos com serviços básicos dos hotéis são com energia. O ar-condicionado que o hóspede deixa ligado, a forma que a água é aquecida no banho, a toalha não reutilizada e trocada a cada uso… Tudo isso interfere no custo. O desenvolvimento de práticas sustentáveis tem impacto positivo na economia e no meio ambiente.
Iniciativas
Para aumentar a ecoeficiência e reduzir a pegada ambiental, os empreendimentos hoteleiros têm adotado iniciativas como:
● Investir em fontes de energia limpa e renovável, como a energia solar.
● Instalar lâmpadas de LED e sensores de presença nas áreas de circulação.
● Utilizar sistemas de tratamento e reúso de água da chuva e efluentes.
● Implementar sistema de automação de ar-condicionado.
● Reduzir o uso de produtos descartáveis, como plástico e papel.
● Preferir produtos de limpeza ecológicos.
● Realizar a gestão de resíduos em todas as fases: coleta, armazenamento, transporte, destinação e disposição final ambientalmente adequada.
● Colocar redutores de vazão de água nas torneiras, chuveiros e vasos sanitários.
● Aplicar o calor do sistema de ar-condicionado no aquecimento de água.
● Treinar e educar colaboradores.
● Conscientizar os clientes com campanhas de incentivo.
Eco-friendly
Na tradução livre, significa amigo do meio ambiente. Hospedagens projetadas e administradas com conceito eco-friendly priorizam a sustentabilidade em toda a operação. Buscam gerar efeitos benéficos no ecossistema e na comunidade.
O compromisso com a sustentabilidade pode estar presente desde o planejamento do hotel, para reduzir a demanda energética, com um projeto que privilegie a ventilação natural e a regulação de calor e luminosidade. Uma estrutura autossuficiente na geração de recursos, conforme as diretrizes do carbono zero. Investir em leilões de imóveis é uma opção financeiramente atrativa, que permite mitigar a pegada ecológica. O imóvel pode ser adaptado para um hotel com conceito verde, sem o consumo de recursos naturais e sem a mesma geração de resíduos que uma construção demanda.
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