Asfalto com borracha de pneu reciclada duplica sua durabilidade em regiões quentes
O sol pode causar estragos no asfalto das estradas e estacionamentos de mais de uma maneira. Os raios UV enfraquecem o pavimento, produzindo rachaduras, irregularidades na superfície e infiltração de água. Quando o tempo fica frio, a enorme diferença de temperatura faz com que o pavimento se quebre ainda mais, e é por isso que os buracos aparecem no final das estações quente e fria.
No entanto, pesquisadores da Universidade RMIT, na Austrália, realizaram uma série de estudos nos quais incluíram borracha de pneus velhos na composição do asfalto recém derramado, descobrindo que essa mistura de borracha-betume reduz pela metade a taxa de degradação solar, o que pode ajudar as estradas a durarem muito mais tempo. O asfalto é protegido dos raios solares pelos fragmentos de pneus velhos feitos de borracha.
Essa estratégia, além de aumentar a longevidade das rodovias, aborda o problema do excesso de pneus velhos jogados na natureza. Mais de 450 mil toneladas de pneus usados são descartados apenas no Brasil, por ano, a maioria dos quais acaba em aterros sanitários, poluindo o meio ambiente, porque são muito difíceis de reciclar usando técnicas tradicionais.
Embora a maioria dos estudos tenha se concentrado em melhorar a longevidade das estradas devido à carga de tráfego, pouca atenção tem sido dada ao desgaste do sol no asfalto. No entanto, essa iniciativa afeta quase todas as partes, desde a conservação do meio ambiente, a durabilidade da pista. Todos nós já testemunhamos o descascamento em estacionamentos e estradas, causadas pela oxidação do asfalto induzida por reações químicas produzidas pela radiação UV.
A borracha age como um protetor solar no asfalto
Os pesquisadores australianos descobriram que a adição de fragmentos de borracha pode aumentar significativamente a resiliência do asfalto sob o sol. Eles usaram uma máquina UV criada especificamente para o estudo do asfalto, que pode replicar o impacto a longo prazo dos danos causados pelo sol nas estradas.
No laboratório, eles criaram o asfalto misturado com três tipos diferentes de concentrações de borracha: Uma concentração baixa de 7,5%, uma média de 15% e uma alta de 22,5%, e expuseram a máquina de UV continuamente por um mês e meio, o que corresponde a um ano de radiação UV.
Quando as características químicas e mecânicas do asfalto foram examinadas, eles descobriram que o betume com uma alta porcentagem de partículas de borracha demonstrou 50% menos dano UV do que o asfalto normal.
“Descobrimos que adicionar borracha triturada, que é recuperada de pneus descartados, na camada superior de uma estrada realmente retarda a tendência de envelhecimento”, disse o professor da RMIT, Filippo Giustozzi, principal autor do estudo.
“Sabíamos que os raios UV têm um papel na deterioração das estradas, mas não com que intensidade, e nem um meio de nos protegermos disso, já que ninguém nunca havia realmente feito uma pesquisa sobre isso”. Embora a borracha adicional aumentasse a resistência aos raios UV, ela diminuía o desempenho mecânico.
De acordo com o estudo recente, o ponto ideal de mistura para proteção UV, mantendo o desempenho mecânico, mostrou estar entre 18% e 22% de borracha na mistura do asfalto. “Nós queremos algo que seja resistente aos raios UV, mas que não retire a robustez do asfalto para caminhões”, explicou Giustozzi.
Fonte: Science Direct
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