Como os biomateriais estão substituindo couros e peles na moda
A moda sustentável é um assunto recorrente no debate da adaptação da sociedade para um futuro mais sustentável. Diversos processos na cadeia de produção da moda são extremamente prejudiciais ao meio ambiente, como a produção do algodão, que, embora seja uma fibra natural, é o 4° tipo de plantação que mais utiliza agrotóxicos. O consumo desenfreado e pouco sustentável pode causar danos irreparáveis ao meio ambiente. Por sorte, algumas marcas estão tentando, com muito sucesso, reverter esse cenário e aplicar a sustentabilidade na moda, através do uso de biomateriais.
O principal problema da indústria da moda é o uso de insumos que não são biodegradáveis, como exemplo é possível citar o nylon e o poliéster, que são fibras sintéticas, extremamente resistentes, e justamente essa resistência que os torna tão difíceis de se degradar no ambiente ou mesmo de reciclar o produto. Como solução, diversas biotechs estão investindo nos mais diferentes materiais para produzir insumos têxteis que sejam tão resistentes, bonitos e, ao mesmo tempo, amigáveis para o meio ambiente.
O que é um biomaterial?
Um biomaterial, no sentido técnico, é todo aquele material natural ou sintético que possui propriedades químicas e mecânicas capazes de substituir ou aprimorar algum aspecto do corpo humano. Para o setor da moda, os biomateriais são aqueles que substituem os insumos provenientes de animais, como couro de gado, peles de raposas e martas, além de buscar uma alternativa para substituição do algodão, que, como já foi dito anteriormente, possui uma produção muito prejudicial para o meio ambiente.
Conheça alguns tipos de biomateriais
O denim (popularmente conhecido como jeans) é um tipo de tecido que utiliza muita água na sua produção, principalmente para o tingimento do algodão que faz parte de sua composição; para tal, são utilizados corantes artificiais altamente poluentes, que são descartados junto da água de lavagem dos tecidos. Como solução, uma biotech chamada Pangaia desenvolveu uma versão alternativa de jeans que utiliza fibras de urtiga (uma planta extremamente simples de produzir e com impacto zero no meio ambiente) e algodão orgânico para produzir o tecido, que por sua vez necessita de menos água para seu tingimento e aceita corantes naturais que não são poluentes, além de o tecido ser biodegradável.
O couro é um dos tecidos mais amados e odiados pela indústria da moda; para superar a matança de animais puramente por sua pele (e assim evitando também o risco de disseminação de doenças zoonóticas), a empresa Ananas Anam desenvolveu um tecido semelhante ao couro legítimo, utilizando folhas e caules de abacaxi que são descartados e queimados após a colheita. A aparência e o toque desse tecido são idênticos ao couro, e evita a emissão de carbono, decorrente da queima dos resíduos agrícolas da indústria do abacaxi.
A seda também entra nessa história. O tecido não tem origem vegana, visto que é necessária a morte de milhões de bichos-da-seda para produzir poucos metros do tecido. Como resposta, a marca Collina Strada desenvolveu um tecido similar a partir de caules, pétalas e outros resíduos de rosas, e o material resultante é idêntico à seda, com o mesmo brilho e suavidade, e é totalmente biodegradável.
Onde obter esse tipo de roupa?
Embora ainda sejam uma parcela pequena na indústria da moda, as marcas de roupas sustentáveis estão ganhando espaço no mercado, principalmente em épocas de grandes descontos, como Black Friday. É possível encontrar lojas online e marketplaces que fazem parcerias com essas marcas para divulgação e venda dos produtos.
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