Catadores são responsáveis por 90% do lixo reciclado no Brasil
Como a cidade mais populosa do Brasil, São Paulo gera uma média de 20.000 toneladas de resíduos por dia. Isso equivale a cerca de um quilo e seiscentos gramas por pessoa. Nesse caso, os catadores de lixo tem um papel fundamental no recolhimento e reciclagem de todo esse lixo.
O desafio, diz Pedro Jacobi, professor de ciências ambientais da Universidade de São Paulo (USP) e membro do conselho do Greenpeace, é “reduzir a geração de resíduos, aumentar a reciclagem e a remanufatura”.
Um grupo que passa despercebido pela sociedade e está diretamente envolvido no processo de reciclagem de resíduos é o catador. Segundo o Instituto de Economia Aplicada (IPEA), os catadores são responsáveis por quase 90% dos resíduos reciclados no Brasil.
De acordo com o Movimento Nacional dos Catadores de Materiais Recicláveis, existem 800 mil profissionais desse tipo no país, dos quais cerca de 85 mil estão associados ao movimento nacional.
A maioria desses trabalhadores encontrou alternativas ao desemprego na indústria. No trimestre julho-setembro do ano passado, o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) contabilizava 12,4 milhões de desempregados no país.
Catadores de lixo sofrem com preconceito e a falta de respeito
O caso de Euclides Filomeno, 76 anos, reflete essa realidade. Já empreiteiro e encanador, o catador mora no Jardim São Luiz, mas viaja diariamente para a comunidade de Pinheiros para trabalhar. “Cheguei aqui às 7h30 e andei de carruagem até às 17h”, explicou. Para Euclides, outro fator que agrava o desemprego é a idade. “Eles não dão trabalho para os idosos”, disse ele. “O tempo passa e a gente vira descartável. As empresas precisam de jovens.” completou.
Outros problemas enfrentados pelos catadores são o preconceito e a falta de respeito. Segundo Euclides, ele foi repetidamente desrespeitado por motoristas. Ao relatar o caso, ele disse que uma garota acabara de repreendê-lo e mandar que ele andasse na calçada. “Ela disse que pagou um preço alto pelo direito de dirigir na rua. No entanto, eu disse que paguei impostos e que tinha os mesmos direitos que ela”.
Alguns catadores não pensam em mudar de carreira, como foi o caso de José Rafael, 66 anos, conhecido pelos colegas como Chicão. “Eu não faço mais planos”, disse José, que é um sem-teto. Ele também relatou que teve que trabalhar mais para ganhar uma boa renda, mas mesmo assim não tinha melhores perspectivas de futuro. “Não importa o quanto você tente, você não vai deixar este lugar”, ele desabafou.
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