Como minimizar o impacto de resíduos sólidos na construção civil?
Gestão responsável e implementação de políticas ambientais garantem menos impacto no descarte de materiais excedentes
A construção civil é responsável pela criação de empregos e pelo crescimento das grandes cidades. Apesar disso, o setor é responsável pela geração de resíduos sólidos, que, quando descartados incorretamente, se tornam grandes vilões do meio ambiente. Nesse contexto, a busca por soluções e alternativas sustentáveis de descarte é fundamental para garantir a redução dos resíduos e minimizar seu impacto.
Caracterizam-se por resíduos sólidos da construção civil materiais como entulho, pedregulho, argamassa, areia, aço, tintas, solventes, ou seja, materiais ou restos de construções não utilizados na obra. Estima-se que, no Brasil, cerca de 50% de todo o lixo gerado vem do setor. Essa porcentagem representa mais de 122 toneladas ao dia.
Visando garantir uma nova maneira no descarte e incentivar a utilização de políticas benéficas, órgãos internacionais são responsáveis pela classificação de países que aderem à sustentabilidade no setor. Segundo a U.S. Green Building Council (USGBC), o Brasil está em quarto lugar dos 10 países que mais produzem construções sustentáveis. Além disso, a indústria de construção civil brasileira possui o selo internacional LEED (Leadership in Energy and Environmental Design), certificado oferecido aos países com maior número de construções sustentáveis por m².
O que diz a fiscalização brasileira sobre resíduos sólidos
No país, a resolução 307, de 5 de julho de 2002, garante obrigações quanto ao descarte de materiais excedentes. As construtoras e os municípios são fiscalizadas pelo Conselho Nacional do Meio Ambiente (CONAMA), órgão responsável pela resolução e pelas demais questões envolvendo a preservação do meio ambiente.
Segundo a resolução do CONAMA, a gestão dos resíduos sólidos é feita em categorias que levam em conta a periculosidade, os riscos ao meio ambiente e a saúde da população. Além de destinar os materiais excedentes ao descarte correto, essa classificação visa também garantir o armazenamento em local adequado dos materiais durante a obra.
De acordo com a resolução 307, os resíduos das classes A e B são menos nocivos e podem ser reaproveitados em outras etapas da obra, reciclados ou descartados em aterros próprios. Entre eles, estão materiais como tijolos, telhas, tubos de concreto, vidros, plástico, madeira, gesso, entre outros.
As classes C e D são consideradas de periculosidade média e alta, sendo a D a responsável por apresentar materiais que mais agridem o meio ambiente e a saúde da população. Produtos como lixas, estopas, panos e pincéis pertencem a categoria C. Já solventes, tintas, materiais de amianto, entulho proveniente de laboratórios e hospitais enquadram-se na categoria D. Ambas as categorias precisam ser descartadas em local adequado e indicado pela legislação.
Potencializando a gestão de resíduos sólidos na empresa
Garantir o armazenamento adequado e o descarte correto desses materiais não minimiza apenas o impacto ambiental, como também contribui para a economia da empresa. A busca por soluções na gestão de resíduos sólidos no dia a dia visa potencializar a utilização dos materiais, evitando desperdício e proporcionando organização e limpeza no local de trabalho.
Preparar o canteiro de obras e elaborar um layout adequado ao tipo de construção e às demandas do local é essencial para garantir eficiência. Além disso, considerar o espaço para a armazenagem correta dos produtos e materiais utilizados na obra é fundamental, assim como sinalizar os materiais através de etiquetas.
Ações sustentáveis precisam ser incentivadas na empresa, por isso, além de colaborar com a criação de novas políticas ambientais, é preciso reconhecer e promover o comprometimento dos colaboradores que proporcionam novas ideias e iniciativas.
A escolha de produtos de melhor qualidade, como também a contratação de fornecedores certificados, evita desperdício de materiais e atrasos na entrega. É preciso considerar também a possibilidade da utilização de materiais sustentáveis para a construção, como a substituição por bioconcreto, tintas ecológicas, isopet e demais possibilidades.
O planejamento correto da obra é fundamental para a geração de menos resíduos sólidos. Assim como possuir controle e monitoramento da documentação do estoque, visando garantir maior eficiência no recebimento, armazenagem e reposição de produtos.
Visando colaborar ainda mais com a política de redução de resíduos sólidos, é essencial que a empresa treine seus funcionários responsáveis pelo uso e descarte desses materiais. Oferecer ou sugerir um curso de Gestão de Resíduos Sólidos e manter os profissionais capacitados e atualizados quanto às necessidades perante ao meio ambiente torna o descarte mais eficiente e sustentável.
Com a adoção de políticas sustentáveis, o cenário da construção civil tende a se tornar menos nocivo e poluente ao longo do tempo. Segundo informações da International Energy Agency (IEA), as construções sustentáveis e a implementação de edifícios verdes podem garantir redução de 18% das emissões globais de gases do efeito estufa. O estudo aponta que as novas práticas geram resultados e incentivam empresas do ramo a adotar novas práticas.
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