Como os países ricos estão esgotando os recursos do planeta causando impacto devastador

O estudo realizado pelo Painel Internacional de Recursos, vinculado ao Programa das Nações Unidas para o Meio Ambiente (PNUMA), destaca uma crescente ameaça ao meio ambiente. Este perigo é mais evidente nos países mais desenvolvidos, onde o uso de recursos do planeta é seis vezes maior em comparação com as nações em desenvolvimento.

Adicionalmente, observa-se que a extração de recursos naturais aumentou três vezes nos últimos cinquenta anos. Tal aumento está associado principalmente ao desenvolvimento de infraestrutura global e ao elevado consumo nos países com rendas média-alta e alta.

A pesquisa mais recente conduzida pela agência mostrou um aumento significativo no consumo diário médio de recursos por indivíduo, saltando de 23 kg para 39 kg desde 1970. Além disso, foi identificado que mais da metade das emissões globais responsáveis pelo aquecimento do planeta, correspondendo a 60%, e quase a metade dos efeitos nocivos à saúde causados pela poluição do ar, cerca de 40%, são atribuídos às atividades de extração e processamento desses recursos.

De acordo com o relatório do PNUMA, a agricultura e a produção de madeira são responsáveis por 90% da redução na biodiversidade, causada principalmente pela limitação de terra e recursos hídricos. Além disso, essas atividades contribuem com cerca de um terço do total das emissões de gases que provocam o efeito estufa.

O uso dos recursos do planeta é bem maior por parte dos países ricos

Nações com menor renda utilizam uma quantidade seis vezes inferior de materiais e produzem uma décima parte dos efeitos climáticos em comparação com as nações mais prósperas. De acordo com o PNUMA, o consumo de recursos em países pobres se manteve baixo e estável desde 1995.

Nas últimas cinco décadas, os países com economias de renda média-alta viram um aumento de mais de 100% na utilização de recursos. Esse crescimento ocorreu tanto devido ao desenvolvimento de suas infraestruturas internas quanto ao aumento da produção destinada às nações mais ricas.

O grupo de especialistas que conduziu a pesquisa do PNUMA emitiu uma gama de orientações destinadas a governos e organizações globais, desenvolver estratégias circulares, otimizadas no uso de recursos e com impacto ambiental reduzido, juntamente com modelos de negócios sustentáveis; incorporar escolhas de consumo responsável e ambientalmente sustentável; redirecionar os investimentos para a utilização responsável e sustentável dos recursos; estabelecer um sistema formal de gestão para os recursos e determinar as estratégias para a sua utilização.

Desenvolvimento de políticas sustentáveis para a gestão eficiente de recursos naturais

O desenvolvimento de políticas sustentáveis para a gestão eficiente de recursos naturais é um tópico que tem ganhado atenção crescente à medida que enfrentamos desafios ambientais globais significativos. Vários projetos e iniciativas globais estão sendo implementados para abordar essas questões.

Um exemplo notável dessa abordagem é o Portfólio de Gestão Integrada de Paisagens de Moçambique (ILM), apoiado pelo Banco Mundial. Este projeto é um esforço abrangente para promover a gestão sustentável de recursos naturais renováveis, como florestas, vida selvagem, terra e pescas, e ao mesmo tempo melhorar os meios de subsistência das comunidades rurais vulneráveis.

Este esforço abrange várias iniciativas, incluindo o combate ao desmatamento e a exploração insustentável dos recursos naturais, enfrentando desafios relacionados à pobreza rural, direitos comunitários, e a regularização da terra. A ideia é combinar investimentos no terreno, assistência técnica, e financiamento baseado em resultados para alcançar esses objetivos​​.

Outra dimensão importante da gestão eficiente dos recursos naturais é a necessidade de uma abordagem global para mudar a maneira como produzimos e consumimos bens e recursos. Isso é evidenciado pelas metas dos Objetivos de Desenvolvimento Sustentável da ONU, que incluem reduzir pela metade o desperdício global de alimentos per capita nos níveis de varejo e consumo, e alcançar a gestão sustentável e o uso eficiente dos recursos naturais até 2030.

Além disso, é crucial incentivar indústrias, empresas e consumidores a reciclar e reduzir o desperdício. Uma abordagem global também deve apoiar os países em desenvolvimento na adoção de padrões de consumo mais sustentáveis​​.

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